Poéticas do movimento imobilizado(ando).

quinta-feira, 26 de junho de 2008

BONDAGE – Ensaio 1


Diáro de Campo 24/05/08
O primeiro encontro para o projeto foi repleto de surpresas. Boas surpresas, pode-se dizer.
Iniciamos experimentando as amarras possíveis de Bondage e investigando como se comporta o corpo do bailarino depois de amarrado, bem como qual a sensação de amarrar.
Conduzi e compartilhei com as bailarinas os melhores modos de se amarrar.
Utilizei em todas elas a técnicas Shibari de amarras japonesas. Ficou lindo em todas elas. E segundo elas é confortável e estimula o centro de força.
Testei várias propostas de movimentação e de todas elas pude vislumbrar um bom material e muitas possibilidades de desdobramento.
Coloquei a Jeni com uma amarra no quadril, da qual se estendia todo o restante da corda(de 30m) para a frente e pedi q ela desse o peso do corpo e fosse se enrolando na corda conforme avançava pelo espaço. Depois testei isso com a Luíza presa na outra extremidade da corda e seguindo a mesmpa proposição, a de avançar pelo espaço enrolnado a corda no corpo. O resultado foi super satisfatório e iremos repetir e investir nesse procedimento como uma possível coreografia do espetáculo.
Depois, delimitei com uma corda, dois quadrados no espaço e pedi q as bailarinas imobilizassem umas às outras e em duplas entrassem nos quadrados. Ficaram juntas Jeni e Luiza, Thaís e Grazi.
Em seguida, pedi q elas se conectassem uma a outra atraves do olhar e ou da respiração e começassem a se relacionar dentro desse espaço limitado.
Luiza e Jeni desenvolveram uma relação de extremo cuidado uma com a outra, devido ao fato de as duas estarem com amarras que prejudicavam muito a mobilidade. Houveram momentos em que elas simplesmente não conseguiam mais se mover, tamanha a dificuldade que os nós da corda impunham para o movimento. Num dado momento, Luíza conseguiu soltar as duas mãos. Daí em diante, ela começou a se relacionar com a Jeni de um jeito muito diferente de antes, evidenciando ainda mais o cuidado de uma para com a outra. A movimentação dela passou a ser suporte para q a Jeni pudesse se mover também e da melhor maneira possível. Em seguida, a Jeni soltou uma das mãos que estava presa aos pés. Ficando então com uma mão e um pé livre. Luíza com os dois pés amarrados e um pé livre. A música era Deer Stop do Goldfrap. Elas então investiram ainda mais na relação de apoio e suporte, criando imagens lindas através de equilíbrios e sustentações do corpo da Jeni pela Luíza.
Thaís foi amarrada pelos punhos nos dois joelhos. Grazi tinha apenas os punhos presos e as pernas ficaram soltas. A relação delas dentro do quadrado estava carregada de uma tensão sexual inocente. Uma cumplicidade absurda e muita diversão. Lembro de momentos em que os olhares delas se cruzavam e elas deixavam escapar risadinhas. Era muito bom de ver a cena acontecendo. Lá pelas tantas, a Grazi começou a ocupar o espaço q se formava entre os punhos e os joelhos da Thaís quando a corda estava tensionada. E daí em diante elas começaram a criar e explorar os espaços q o corpo da outra desenhava.
Depois de finalizar o exercício, conversamos e trocamos impressões sobre a proposta.
Escolhendo algumas articulações do corpo da colega, pedi q elas amarrassem essas partes e deixassem um excedente de corda, q serviria como fio de manipulação. Em seguida, a pessoa q havia sido amarrada deitava no chão entregava o peso do corpo e se deixava manipular
recebendo as indicações pelos fios presos as articulações.
Foi lindo.
Depois a mesma coisa se deslocando no espaço.
Depois amarrei os tornozelos e pedi q elas caminhassem com aquela amplitude articular e muscular.
Em seguida subi as marras para os joelhos e pedi q elas respirassem, suspendessem o corpo abrindo o C da coluna e se deixassem cair no espaço, mantendo o espaço articular/muscular das amarras nos joelhos. Pareciam folhas no vento. Investir mais no momentum e na suspensão antes da queda pelo espaço.
Depois, Shibari na Jeni e na Luiza, seguido de uma pequena improvisação de cada uma das duas. Foi um arraso.

Nenhum comentário: