Poéticas do movimento imobilizado(ando).

domingo, 29 de junho de 2008

Ensaio 6 - Experimento: quadrado

sábado, 28 de junho de 2008

Do prazer pela “Dominação”



Cada vez que eu entro na sala de ensaio, munido de um set de cordas e um case com inúeros CD´s, fica muito evidente pra mim que ali, nessa chegada, eu “atravesso uma rua” que dá acesso ao meu eu dominador. Bem na verdade, essa faceta aparece com muita força em todo o meu cotidiano. O que diferencia o domínio que eu reconheço no meu dia-a-dia deste que aparece na sala de ensaio é o exercício consciente e totalmente proposital, somado é claro da obediência daqueles que são dominados.

Dominar me dá prazer. Ordenar me faz sentir bem. Ver o resultado desse exercício me faz muito feliz.

Eu entendo que superficialmente esse domínio do qual eu falo não salta aos olhos, e acredito que os dominados não se sintam agredidos ou subjugados e, por vezes nem se dêem conta de que esse exercício de poder esteja acontecendo durante todo tempo dos ensaios.
Mas pra mim, isso acontece desde a entrada na sala e é muito bom. É bom poder escolher e articular propostas com base nessas escolhas. É bom encontrar soluções pra que essas propostas se concretizem. Administrar material humano. Procurar por elementos estéticos, criar poética e ver esse resultado sendo transformado durante os encontros.

Me sentir no comando de um processo e ao mesmo tempo sendo comandado por ele, reconhecer as minhas questões e idéias no produto de cada procedimento torna a investigação cada vez mais atraente e satisfatória.

Resumindo: Eu sinto muito prazer por estar à frente desse processo, tentando reconhecer, ordenar e distribuir todas as questões e/ou demandas da melhor forma possível e, sendo conseqüentemente dominado por ele.(por que o feitiço sempre se volta contra o feiticeiro)
Acho importante dizer que estou imensamente satisfeito e bem impressionado com as pessoas que estão trabalhando comigo.

Gurias, vocês são geniais.

Muito Obrigado.

Dougg

Ensaio 6 - Experimento 2

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Ensaio 2 - Experimento 1

BONDAGE – Ensaio 1


Diáro de Campo 24/05/08
O primeiro encontro para o projeto foi repleto de surpresas. Boas surpresas, pode-se dizer.
Iniciamos experimentando as amarras possíveis de Bondage e investigando como se comporta o corpo do bailarino depois de amarrado, bem como qual a sensação de amarrar.
Conduzi e compartilhei com as bailarinas os melhores modos de se amarrar.
Utilizei em todas elas a técnicas Shibari de amarras japonesas. Ficou lindo em todas elas. E segundo elas é confortável e estimula o centro de força.
Testei várias propostas de movimentação e de todas elas pude vislumbrar um bom material e muitas possibilidades de desdobramento.
Coloquei a Jeni com uma amarra no quadril, da qual se estendia todo o restante da corda(de 30m) para a frente e pedi q ela desse o peso do corpo e fosse se enrolando na corda conforme avançava pelo espaço. Depois testei isso com a Luíza presa na outra extremidade da corda e seguindo a mesmpa proposição, a de avançar pelo espaço enrolnado a corda no corpo. O resultado foi super satisfatório e iremos repetir e investir nesse procedimento como uma possível coreografia do espetáculo.
Depois, delimitei com uma corda, dois quadrados no espaço e pedi q as bailarinas imobilizassem umas às outras e em duplas entrassem nos quadrados. Ficaram juntas Jeni e Luiza, Thaís e Grazi.
Em seguida, pedi q elas se conectassem uma a outra atraves do olhar e ou da respiração e começassem a se relacionar dentro desse espaço limitado.
Luiza e Jeni desenvolveram uma relação de extremo cuidado uma com a outra, devido ao fato de as duas estarem com amarras que prejudicavam muito a mobilidade. Houveram momentos em que elas simplesmente não conseguiam mais se mover, tamanha a dificuldade que os nós da corda impunham para o movimento. Num dado momento, Luíza conseguiu soltar as duas mãos. Daí em diante, ela começou a se relacionar com a Jeni de um jeito muito diferente de antes, evidenciando ainda mais o cuidado de uma para com a outra. A movimentação dela passou a ser suporte para q a Jeni pudesse se mover também e da melhor maneira possível. Em seguida, a Jeni soltou uma das mãos que estava presa aos pés. Ficando então com uma mão e um pé livre. Luíza com os dois pés amarrados e um pé livre. A música era Deer Stop do Goldfrap. Elas então investiram ainda mais na relação de apoio e suporte, criando imagens lindas através de equilíbrios e sustentações do corpo da Jeni pela Luíza.
Thaís foi amarrada pelos punhos nos dois joelhos. Grazi tinha apenas os punhos presos e as pernas ficaram soltas. A relação delas dentro do quadrado estava carregada de uma tensão sexual inocente. Uma cumplicidade absurda e muita diversão. Lembro de momentos em que os olhares delas se cruzavam e elas deixavam escapar risadinhas. Era muito bom de ver a cena acontecendo. Lá pelas tantas, a Grazi começou a ocupar o espaço q se formava entre os punhos e os joelhos da Thaís quando a corda estava tensionada. E daí em diante elas começaram a criar e explorar os espaços q o corpo da outra desenhava.
Depois de finalizar o exercício, conversamos e trocamos impressões sobre a proposta.
Escolhendo algumas articulações do corpo da colega, pedi q elas amarrassem essas partes e deixassem um excedente de corda, q serviria como fio de manipulação. Em seguida, a pessoa q havia sido amarrada deitava no chão entregava o peso do corpo e se deixava manipular
recebendo as indicações pelos fios presos as articulações.
Foi lindo.
Depois a mesma coisa se deslocando no espaço.
Depois amarrei os tornozelos e pedi q elas caminhassem com aquela amplitude articular e muscular.
Em seguida subi as marras para os joelhos e pedi q elas respirassem, suspendessem o corpo abrindo o C da coluna e se deixassem cair no espaço, mantendo o espaço articular/muscular das amarras nos joelhos. Pareciam folhas no vento. Investir mais no momentum e na suspensão antes da queda pelo espaço.
Depois, Shibari na Jeni e na Luiza, seguido de uma pequena improvisação de cada uma das duas. Foi um arraso.